A posição da imprensa árabe sobre a queda do SU-24.

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Por Yuri Zinin
tradução mberublue


 “Um ato de imprudência extrema”, “A Turquia está provocando o urso russo”, “O alto preço dos erros da Turquia”. Neste momento, a imprensa árabe está cheia de manchetes iguais ou similares relacionadas com a derrubada de um bombardeiro russo SU-24 nos céus da Síria.

Alguns autores preferem uma posição neutra de esperar para ver; outros, ao contrário, fazem avaliações diretas da proeza da elite turca. A Turquia decidiu fazer uma coisa que a OTAN não tinha ousado fazer por décadas – abater um avião russo em plena luz do dia, disse o Dr. M. Nuriddin, um especialista libanês em assuntos turcos. A Turquia, que dominou os territórios da fronteira norte da Síria depois de instalar grupos armados que promoveram a expulsão do pessoal militar e funcionários governamentais, desmantelando pontos da fronteira, posiciona-se assim como um participante direto no conflito interno da Síria.

Estes territórios se tornaram bolsões fora do controle de Damasco, e o mesmo tipo de dominação instalada no Norte turco de Chipre era praticada no terreno ocupado, relata o jornal iraquiano As-Sabah. Assim, quando os grupos turcomenos financiados e armados por Ancara e instalados naquela área começaram a ser feitos em pedaços pelos bombardeios russos, a Turquia começou com suas provocações aéreas

Na opinião de vários especialistas árabes, o motivo por trás da vingança turca contra as operações aéreas russas foi o corte dos canais por onde transitava o contrabando de petróleo que fluía da Síria para Turquia. Também se trata de uma tentativa de elevar o moral daqueles que lutam ao lado dos terroristas.

Outros ainda veem a reação turca como uma represália à recente visita do presidente russo ao Irã, que marcou o fortalecimento dos lações de cooperação entre os dois países.

Certo número de analistas está considerando como a facada pelas costas aplicada por Erdogan pode afetar a situação na região, e o equilíbrio de poder na confrontação com o terrorismo. Depois da decisão dos dirigentes russos de instalar o sistema de defesa aérea ADMS S-400 na Síria, escreve o articulista egípcio Khaled El-Shami, a Turquia pode dar adeus às suas ambições de estabelecer uma assim chamada zona de segurança nas proximidades da fronteira da Síria.

Agora, o fechamento das fronteiras entre a Turquia e a Síria se tornou apenas uma questão de tempo e o foco de atenção de todos os atores regionais e internacionais no país.

Além de outros, os autores analisam o estado das relações econômicas, comerciais e humanitárias entre a Federação Russa e a Turquia, enfatizando que a Rússia detém o maior número de cartas boas para jogar na tentativa de influenciar Ancara. No caso de uma redução das relações econômicas entre os dois países, a economia turca poderá experimentar grandes dificuldades que deverão estimular o surgimento de uma crise.


Resultado de imagem para Turkey on NATOA Turquia não deveria confiar na OTAN. Muitos de seus membros entre os países europeus, não querem permitir Ancara dentro da União Europeia, apesar das tentativas da Turquia nesse sentido durante décadas. A simples inclusão da Turquia na OTAN significará a introdução de uma atmosfera típica da Guerra Fria; e de acordo com os especialistas árabes, a OTAN não está preparada para ir até as últimas consequências por causa da Turquia.

Segundo os especialistas, ficou claro que o resultado destes eventos deverá ser o fortalecimento ainda maior das relações entre Moscou e Damasco. Indiretamente, isso levará a uma maior pressão contra os grupos pró Turquia no interior da Síria.


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Abdel Bari Atwan
De acordo com o editor chefe do jornal Al-Quds Al –Arabi  em Londres conhecido publicista Abdel Bari Atwan, Erdogan já começa a entender que se colocou em uma situação de risco e está no meio de um jogo perigoso devido ao ato de derrubar o avião bombardeiro russo. Ele está frente a frente com os russos, e percebe que seus supostos aliados estão apenas observando silenciosamente os acontecimentos. Os Estados Unidos e a OTAN não foram além da solidariedade verbal.

 “O líder turco está em plena retirada e busca desesperadamente uma escada para poder descer da árvore espinhosa em que se colocou com a façanha de derrubar um avião russo”.

Nas redes sociais, as declarações sobre o incidente não caem em ouvidos moucos: Há uma amarga disputa sobre a avaliação dos acontecimentos; o Facebook está lotado com uma imensa variedade de opiniões.

Os usuários de dezenas de contas no Iraque expressam suas condolências e solidariedade em relação à morte do piloto russo do SU-24 e o chamam de “o Shahid, aquele que morreu por uma causa justa e no cumprimento de seu dever”. Um deles chegou a apelar em suas postagens para que o governo iraquiano perpetuasse a memória do herói da Rússia.

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Yuri Zinin


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