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RELATÓRIO DE DEFESA DA RÚSSIA – 20 DE FEVEREIRO DE 2016:
O grupo militar russo na Síria.

por: J.Hawk, Daniel Deiss, Edwin Watson (equipe SouthFront)
tradução: btpsilveira

Há duas questões não respondidas relativas ao rompimento de relações entre Turquia e Rússia em seguida à derrubada de um bombardeiro russo SU-24 nos céus sobre a Síria. A primeira é o que poderia ter acontecido para fazer o líder turco adotar um curso de confrontação contra a Rússia. A segunda é porque essa escalada não aconteceu meses atrás, quando Hmeimim estava muito mais vulnerável a um ataque ou bloqueio turco.

Quando a aviação de combate russa chegou a Hmeimim, a Guerra seguia um curso muito ruim para as forças do governo sírio. Os terroristas acumulavam avanços sucessivos durante os meses anteriores, e estavam perto de ameaçar a própria capital do país, Damasco.

As forças sírias estavam desmoralizadas pelas derrotas e sofrendo pela escassez de equipamentos e munição. Neste momento o grupo aéreo russo era de apenas 30 aviões, a base ainda não tinha defesa aérea de longo curso e havia apenas um pequeno contingente para proteger a base. A maior parte do material para a base em si mesma e para o rearmamento do exército sírio somente começou a chegar através de navios sírios que ocuparam o estreito de Bósforo atarefadamente, indo e vindo.

A campanha militar russa ainda não demonstrara sua efetividade em combate nem o que era capaz de fazer – o que só foi conseguido depois que a campanha aérea estava em pleno curso, acompanhada de lançamentos de mísseis de cruzeiro e sortidas de bombardeiros pesados. Se Erdogan tivesse decidido lançar uma operação em solo na Síria em Setembro ou Outubro de 2015, quando a situação apresentava oportunidades muito mais tentadoras, as forças turcas teriam muito mais chances de mudar o resultado do conflito do que têm agora.

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A base aérea de Hmeimim

Vários meses depois, a situação mudou numa tal extensão que uma intervenção turca quase não tem chance de alcançar sucesso militar. Hmeimim hospeda agora mais de 50 aviões, entre os quais SU-27SM, SU-30SM e caças SU-35s que podem fornecer uma defesa efetiva contra qualquer incursão turca. Também está agora protegida por uma multi facetada defesa aérea que inclui os S-400 de grande altitude e longo alcance, sistema de mísseis Buk M2 de médio alcance e os veículos de mísseis Pantsir-S de curto alcance que são perfeitamente capazes de colocar no chão não apenas aviões como mísseis de cruzeiro e bombas guiadas. Aviação hostil também encontrará uma dificuldade adicional representada por uma barragem de contramedidas eletrônicas que podem degradar de maneira significativa sua capacidade de alvejar Hmeimim. Os mísseis de cruzeiro da frota militar russa e bombardeiros pesados já demonstraram sua capacidade de atingir as bases aéreas turcas para destruir a aviação da Turquia ainda em solo, no caso de uma escalada do conflito.
As bases russas na Síria também gozam da proteção da presença constante de uma força naval de combate, a qual inclui um cruzador armado com mísseis de longo alcance antinavios e armas antiaéreas, vários navios antisubmarinos e pelo menos uma corveta armada com mísseis.
Em solo, o batalhão de tropas russas não é a única proteção em solo da base de Hmeimim. A assistência militar russa que incluiu o fornecimento de equipamentos pesados, munições, planejamento e aconselhamento militar, fez o exército sírio voltar a ser uma força de combate efetiva. Adicionalmente, o Exército Árabe da Síria não é a única força militar que atualmente defende o país.
Graças aos esforços diplomáticos da Rússia, vários grupos de oposição na Síria resolveram se juntar às forças governamentais em seu esforço contra os extremistas. Da mesma forma, as unidades de forças curdas que no passado lançaram sua própria e não coordenada tentativa de lutar contra o Estado Islâmico, está agora inteiramente incorporada na coalizão liderada pela Rússia dadas as concessões políticas oferecidas pelo governo sírio. Há também consideráveis forças do Irã e do Hezbollah presentes na Síria.

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Foguetes Tochka
Considerando que provavelmente nenhuma dessas forças militares vão querer apoiar a Turquia no caso de uma invasão turca, pois em vários desses casos a Turquia é vista como inimigo mortal, o exército turco provavelmente não fará quaisquer avanços sem antes sofrer perdas pesadas nas mãos dos defensores da Síria. As forças militares russas e sírias estão agora equipadas com armas de longo alcance que incluem lançadores múltiplos de foguetes Tochka que podem ferir de morte as forças blindadas turcas que terão que avançar através de montanhas íngremes com passagens estreitas sempre sob os olhos vigilantes dos drones russos e aviação de vigilância de longo alcance, como os TU-214 e os II-20.
Mesmo a perspectiva de bloqueio do Bósforo não é tão ameaçadora quanto parece. Os comboios sírios agora estão preocupados principalmente em providenciar itens como munição e peças de reposição para as forças que lutam na Síria. No caso de um bloqueio do Bósforo, esses suprimentos podem ser fornecidos através do Mar Báltico, e em casos realmente urgentes, pelo ar, usando a rota tradicional: Mar Cáspio-Irã-Iraque-Síria.
No longo prazo, é essencial que as forças russas e sírias, forcem a criação de um corredor através do território do Estado Islâmico até completar uma ligação com as forças iraquianas, a já há sinais de que, tão logo a conquista de Aleppo seja completada, com a eliminação dos extremistas, a próxima ofensiva será dirigida principalmente na direção de Raqqa. Ao fazer isso, não apenas estará prejudicada a retaguarda do Estado Islâmico, como também se tornará efetiva a abertura de uma nova rota de suprimento por terra através do Mar Cáspio e do Irã. O fortalecimento da coalizão liderada pela Rússia que parece ter tomado de surpresa todos os observadores, tomou tal proporção que deverá ser suficiente para impedir qualquer tentativa de assalto militar da Turquia contra a Síria. Embora ainda não saibamos como foi possível que isso acontecesse, hoje já sabemos que a Rússia manejou com tal habilidade que foi capaz de colocar uma força militar altamente efetiva bem debaixo do nariz de Ancara, antes que essa conseguisse reagir.


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