Se você não encontrar moderados na Síria, coloque uma fantasia em alguns extremistas

A última produção da BBC é tão transparente quanto absurda e repugnante.
por Tony Cartalucci tradução de btpsilveira
11 de fevereiro de 2016 (Tony Cartalucci – LD) –  Lendo as manchetes cada vez mais estridentes e desesperadas berradas pela mídia ocidental sobre as forças terroristas apoiadas pelos Estados Unidos e que começam a quebrar sob uma bem coordenada ofensiva da Rússia, da Síria e de seus aliados, que parecem cada vez mais capazes de retomar o controle do país, qualquer leitor poderá perceber que, mesmo sendo o termo “rebeldes moderados” ou “oposição moderada” citados inúmeras vezes, a mídia do ocidente parece simplesmente incapaz de nomear entre eles um singelo grupo ou apenas um único comandante para exemplo.

Acontece que nunca houve nem há coisa parecida com os tais “rebeldes moderados” na Síria. Desde 2007, os Estados Unidos vêm conspirando para fundar e armar extremistas aliados à Al Qaeda para derrubar o governo da Síria e desestabilizar a influência iraniana através de todo o Oriente Médio.


Os Estados Unidos tomaram parte também em operações clandestinas direcionadas contra o Irã e sua aliada Síria. O subproduto dessas atividades foi fortalecer grupos extremistas sunitas que compartilham uma visão radical e militante do Islã, hostis aos Estados Unidos e simpatizantes da Al Qaeda.

A tal “catástrofe” que a mídia ocidental menciona em manchetes cada vez mais histéricas, na realidade não se trata das operações de segurança atualmente colocadas em ação pela Rússia, Síria e aliados, e sim da conspiração descrita por Hersh em 2007, que se tornou inadministrável, começando as ações em 2011, tomando a “Primavera Árabe” como pretexto.
Mesmo quando o ocidente tenta dar caras e nomes aos chamados “rebeldes moderados” é muito fácil traçar sua origem, sempre ligada diretamente à Al Qaeda.

O “Comandante Rebelde” da BBC e sua fantasia.

Em reportagem de vídeo publicada recentemente pela BBC, denominada “O conflito na Síria: os rebeldes ‘sentem-se abandonados’ pelos Estados Unidos e Inglaterra” o repórter da BBC Quentin Sommerville afirma ter contatado “em segredo” rebeldes apoiados pelos Estados Unidos na Turquia. A entrevista, alegadamente “remota”, no entanto, foi realizada sob cobertura de operadores de câmera profissionais, mesmo tendo Sommerville asseverado que a situação era tão ruim que os rebeldes poderiam não ter sido encontrados. O “principal comandante rebelde dentro de Aleppo” entrevistado pela BBC não é outro senão Yaser Abdulrahim.
Aqui dá para ver claramente a Bandeira da Faylak Al-Sham no vídeo da BBC, com o comandante falso do FSA que, quando em campo, não mais usa seu uniforme novinho com  insígnias do "Exército Livre da Síria".
Apesar de aparecer em um belo uniforme, com etiquetas do “Exército Livre da Síria” (Free Syrian Army – FSA – em inglês – NT), uniforme este que nunca foi visto com ele no campo de batalha e sentado ao lado de uma Igualmente imaculada bandeira colonial francesa do “Exército Livre da Síria”, Yaser Abdulrahim definitivamente não tem qualquer ligação com o aliás inexistente “Exército Livre da Síria”.
Na realidade, Abdulrahim é um dos comandantes da Faylaq Al-Sham, composta por terroristas da Al Qaeda e extremistas da Irmandade Muçulmana. A Faylaq Al-Sham, bem como seu comandante Yaser Abdulkrahim, de acordo com o próprio Sommerville, é parte da da Fatah Halab, grupo de coordenação o qual também inclui outros filiados da Al Qaeda como Ahrar ash-Sham e Jaysh al-Islam – este último grupo é o que literalmente pendurou civis em jaulas de metal colocadas nos telhados para servir como escudos humanos contra os ataques aéreos da Síria e da Rússia.

A organização Observatório dos Direitos Humanos (Human Right Watch em inglês – NT) em um de seus relatos, intitulado “
Síria: Grupos Armados Usam Reféns Enjaulados como Contenção de Ataques” revela que:

No curso dos combates entre grupos armados e forças governamentais nas proximidades de Adra al-Omalia em dezembro de 2015, a Jabhat al-Nusra e a Jaysh al-Islam sequestraram centenas de civis, a maioria dos quais Alawitas, de acordo com a Comissão de Inquérito das Nações Unidas na Síria. Os reféns, muitos dos quais mulheres e crianças, são mantidos presos em lugares não identificados no leste de Ghouta. A preocupação é a de que estejam entre aqueles presos nestas jaulas.

O relato da organização de direitos humanos é extremamente preocupante, dado que implica no fato de que a Jaysh al-Islam, membro da Fatah Halab de Yaser Abdulrahim, é colaborador e luta ao lado do grupo listado como terrorista pelo Departamento de Estado dos EUA, a Jabhat al-Nusra.

A declaração oficial do Departamento de Estado dos EUA listando a al-Nusra como uma organização terrorista estrangeira, intitulada: “
O grupo terrorista denominado al-Nusra é um codinome para a Al Qaeda no Iraque” estabelece:

A Frente al-Nusra reivindicou desde novembro de 2011 cerca de 600 ataques – que vão desde homens bombas, ataques com armas leves até operações com dispositivos explosivos improvisados – nas maiores cidades da Síria, entre as quais Damasco, Aleppo, Hamas, Dara, Homs, Idlib e Deir–al-Zor. No transcorrer destes ataques, muitos cidadãos sírios inocentes foram mortos. Através destes ataques, a Frente al-Nusra pretende colocar-se como parte de uma oposição síria legítima, quando, de fato, trata-se de uma tentativa da Al Qaeda no Iraque de se apoderar das lutas do povo sírio, usando-as em benefício de seus próprios desígnios malignos.

Ironicamente, tem-se a impressão de que através das mentiras da mídia ocidental, a al-Nusra tem tido ampla cobertura para realmente sequestrar “os conflitos do povo sírio em benefício de seus próprios desígnios malignos”.
Aqui vemos uma das ações do tal "comandante rebelde apoiado pelos Estados Unidos", o qual lidera uma facção que inclui, entre outros, a Jaysh Al-Islam, que mandou enjaular civis e colocá-los em telhados como escudos humanos contra bombardeios. Os Estados Unidos querem que Síria e Rússia negociem com esses terroristas e insiste que eles têm que desempenhar um papel no futuro da Síria.

A repugnante metamorfose que a BBC faz com membros indiscutíveis da Al Qaeda e seus filiados em suas recentes entrevistas encaixa-se de forma perfeita em um amplo padrão de fraude sobre fraude destinado a salvar a conspiração descrita por Hersh em 2007, prejudicada quando, no último ano, a Federação Russa, depois de convite feito pelo governo da Síria, fez sua intervenção no conflito.

Com Aleppo vacilando à beira da liberação daquelas forças claramente terroristas – a BBC empilha propaganda enganosa em cima de propaganda enganosa divulgada através do ocidente e que representa uma cínica tentativa de perpetuar – e não acabar – com o sofrimento do povo sírio.

O que é ainda pior, é que a BBC apresenta o comandante do grupo Fatah-Halab-Al Qaeda travestido como um membro do “Exército Livre da Síria” (FSA), o qual “é apoiado pelos Estados Unidos”.

Das duas uma: ou isto não passa de uma tentativa da BBC para continuar ludibriando sua audiência escondendo quem é na realidade o homem que entrevistou, ou é uma admissão inadvertida de que os Estados Unidos estão na verdade financiando os grupos terroristas (com seus associados) que povoam as listas de terroristas estrangeiros elaboradas pelo Departamento de Estado dos EUA.

Seja lá qual for o caso, o fato de que mesmo uma entrevista encoberta por uma encenação de produção cuidadosa como a que foi publicada pela BBC é exposta de maneira muito fácil como uma tentativa fraudulenta de disfarçar a identidade terrorista do que ainda resta dos “rebeldes moderados” do ocidente, torna ainda mais urgente para o governo sírio e seus aliados libaneses, iraquianos, iranianos e russos a luta para acabar de uma vez por todas com a guerra e restaurar a ordem em todo o território da Síria. Para o ocidente, seria um absurdo inaceitável negociar indivíduos que claramente são terroristas, embora travestidos de rebeldes. Da mesma forma, nenhuma outra nação da Terra deve permitir que lhes seja impingida uma patranha ridícula dessas.

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